Inflação, PIB e Taxa de Juros em Alta para 2024
O cenário econômico brasileiro para 2024 continua sendo revisado e apresenta tendências de alta, conforme o Boletim Focus divulgado recentemente. As novas projeções do mercado financeiro mostram ajustes tanto para a inflação quanto para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a taxa de juros, refletindo a dinâmica atual da economia brasileira.
Projeções de Inflação: Aumento Constante
De acordo com os economistas, as estimativas para a inflação em 2024 e 2025 foram revisadas para cima, ampliando a distância da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
- 2024: A expectativa de inflação foi ajustada de 4,35% para 4,37%. Esta revisão marca a décima elevação consecutiva nas previsões, o que afasta ainda mais o índice da meta central de 3%, demonstrando uma pressão inflacionária persistente.
- 2025: Para o ano seguinte, a projeção também aumentou, de 3,95% para 3,97%.
- 2026: A previsão subiu ligeiramente de 3,61% para 3,62%.
Essas previsões colocam a inflação cada vez mais próxima do teto da meta do CMN, que é de 4,5%, sugerindo que os esforços do governo para controlar a inflação poderão ser desafiados nos próximos anos.
Crescimento do PIB: Perspectivas Positivas para 2024
O crescimento econômico do Brasil, medido pelo PIB, também sofreu uma revisão. O desempenho robusto no segundo trimestre de 2024, quando a economia cresceu 1,4% em comparação com o trimestre anterior, elevou as expectativas para o ano.
- 2024: A previsão de crescimento do PIB subiu de 2,96% para 3%, refletindo um otimismo renovado no mercado, principalmente devido ao desempenho positivo observado no início do ano.
- 2025: A previsão para 2025, entretanto, permanece estável em 1,90%, sinalizando uma expectativa de desaceleração no ritmo de crescimento a partir do ano seguinte.
Esse cenário de crescimento mais forte em 2024 pode gerar pressões adicionais sobre os preços e influenciar a condução da política monetária nos próximos meses.
Taxa de Juros: Selic em Trajetória de Alta
Além das revisões nas projeções de inflação e PIB, o mercado financeiro também alterou suas expectativas para a taxa básica de juros, a Selic. Com a inflação em alta e um crescimento econômico mais forte, a tendência é de elevação na taxa de juros para conter as pressões inflacionárias.
- Atualmente, a Selic está em 10,75% ao ano. O mercado prevê um aumento para 11,25% em novembro de 2024, o que representaria uma elevação de 0,5 ponto percentual.
- Fim de 2024: A expectativa é de que a Selic atinja 11,50% ao ano até o final do ano, sinalizando uma possível nova elevação em dezembro.
- 2025: Para 2025, o mercado prevê uma queda gradual da Selic, com a taxa encerrando o ano em 10,5% ao ano.
Esse ajuste na taxa de juros busca conter a inflação sem comprometer significativamente o crescimento econômico, mas representa um desafio para a política monetária do país.
Outras Previsões Econômicas
Além das projeções para inflação, PIB e taxa de juros, o Boletim Focus também trouxe previsões estáveis para o câmbio.
- Dólar: A expectativa para o valor do dólar se manteve em R$ 5,40 para o fim de 2024 e R$ 5,35 para o fim de 2025, refletindo um cenário de relativa estabilidade na taxa de câmbio.
Com essas revisões, o panorama econômico de 2024 aponta para um ano de ajustes e desafios, principalmente no controle da inflação e na condução da política monetária. O mercado financeiro continuará monitorando de perto os indicadores econômicos para ajustar suas expectativas ao longo do ano.
IPC-S Registra Alta de 0,44% na Terceira Semana de Setembro, Segundo a FGV
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) apresentou uma elevação de 0,44% na terceira semana de setembro, conforme dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Este resultado representa uma aceleração em relação ao crescimento de 0,21% registrado na semana anterior, acumulando uma alta de 4,35% nos últimos 12 meses.
Classes de Despesas: Aumentos e Quedas
No último levantamento, seis das oito classes de despesas analisadas mostraram aumentos em seus índices em comparação à semana anterior:
- Habitação: A classe de habitação registrou um aumento significativo, passando de 0,56% para 1,15%. Essa elevação foi impulsionada pela alta na tarifa de eletricidade residencial, que subiu de 2,29% para 4,31%.
- Despesas Diversas: Esta categoria também apresentou um crescimento, subindo de 0,72% para 1,56%, com destaque para o aumento nos serviços bancários, que passaram de 0,54% para 1,65%.
- Educação, Leitura e Recreação: A classe teve um aumento de 0,67% para 1,04%, principalmente devido ao impacto das passagens aéreas, que saltaram de 3,79% para 5,60%.
- Saúde e Cuidados Pessoais: Registrou uma leve alta de 0,19% para 0,26%.
- Alimentação: Embora tenha apresentado uma leve melhora, o índice ainda se mantém negativo, passando de -0,17% para -0,02%.
- Vestuário: Esta classe apresentou uma leve redução, de -0,34% para -0,12%.
As duas classes que mostraram queda em comparação à semana anterior foram:
- Transportes: O índice caiu de 0,03% para -0,14%, com destaque para a queda nos preços da gasolina, que passou de -0,11% para -0,50%.
- Comunicação: A classe desacelerou de 0,09% para 0,06%, principalmente devido ao recuo nos preços do combo de telefonia, internet e TV por assinatura, que caiu de -0,17% para -0,39%.
Principais Influências no IPC-S
Entre as principais influências que impactaram o IPC-S, destacam-se:
Altas Significativas:
- Tarifa de eletricidade: Aumento de 4,31%, contribuindo fortemente para a elevação no índice de habitação.
- Passagens aéreas: Aumento significativo de 5,60%.
- Aluguel residencial: Passou de 0,52% para 1,02%, impactando diretamente as despesas com habitação.
- Mamão papaia: Apesar da desaceleração, ainda apresentou alta expressiva, caindo de 34,40% para 24,64%.
Quedas Notáveis:
- Cebola: Caiu de -24,05% para -22,67%, contribuindo para a redução no índice de alimentos.
- Batata inglesa: A queda foi de -13,52% para -10,08%.
- Tomate: De -17,77% para -12,06%.
- Gasolina: Com uma redução de -0,11% para -0,50%.
- Produtos de higiene pessoal: Como shampoo e condicionador, apresentaram queda de -1,18% para -2,79%.
A recente alta no IPC-S reflete a dinâmica inflacionária em diversos setores da economia brasileira, evidenciando tanto pressões de alta quanto de baixa nos preços. O monitoramento contínuo das classes de despesas será crucial para entender a trajetória da inflação e suas repercussões sobre o poder de compra do consumidor nos próximos meses.
Intenção de Consumo das Famílias (ICF) Cai 0,3% em Setembro, Indica CNC
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou uma queda de 0,3% em setembro, conforme dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Essa diminuição reflete uma deterioração na percepção das famílias sobre suas perspectivas profissionais e no acesso ao crédito, indicadores cruciais para o consumo futuro.
Fatores da Queda
A queda no ICF é atribuída a dois fatores principais:
- Perspectiva Profissional: O índice que mede a expectativa em relação à situação de emprego apresentou um recuo de 0,4%. Isso indica uma preocupação crescente com a estabilidade no mercado de trabalho, impactando a confiança dos consumidores.
- Acesso ao Crédito: O subindicador relacionado à satisfação com o acesso ao crédito caiu 1,3%. A pressão inflacionária e as incertezas fiscais têm dificultado o acesso das famílias ao crédito, o que limita suas capacidades de consumo.
Grupos Afetados
A retração na intenção de consumo foi mais acentuada entre dois grupos:
- Famílias de Maior Renda: Este segmento enfrentou uma queda significativa nas expectativas em relação ao consumo futuro e ao mercado de trabalho.
- Público Masculino: As expectativas entre os homens também se deterioraram, contribuindo para a redução geral do ICF.
Contexto Geral
Apesar da queda, o indicador ainda se mantém em 103,1 pontos, o que é superior ao nível de satisfação, mas inferior ao patamar de 104,1 pontos registrado em março. A leve melhora na percepção sobre o emprego atual, que cresceu 0,4%, é um sinal positivo, mas não é suficiente para reverter a cautela generalizada.
Impacto no Consumo de Bens Duráveis
A insegurança econômica e a pressão inflacionária também tiveram um impacto negativo nas compras de bens duráveis, que caíram 1%. O aumento da inadimplência, evidenciado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), contribuiu para essa deterioração na intenção de consumo, mostrando que muitos consumidores estão hesitando em realizar compras significativas devido ao medo de compromissos financeiros.
O cenário atual da Intenção de Consumo das Famílias sugere que, embora haja alguns sinais de otimismo em relação ao emprego, as incertezas econômicas e as dificuldades no acesso ao crédito estão gerando cautela entre os consumidores. A manutenção de uma postura conservadora por parte das famílias pode impactar negativamente o consumo e a recuperação econômica nos próximos meses.
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