Por: Eldair Melo*
Data: 10/02/2025
O possível aumento da tarifa de importação do aço nos Estados Unidos para 25% pode trazer repercussões expressivas para o setor siderúrgico do Ceará e no Brasil. Com o aço representando 37% das exportações do estado em 2024 e uma queda já registrada de 35,4% nas exportações entre 2023 e 2024, esse novo cenário pode agravar ainda mais os desafios enfrentados pelo setor.
Cenário para o Ceará em 2025
A majoração tarifária tornará o aço cearense menos competitivo no mercado americano, podendo resultar em uma significativa redução das exportações para os EUA. Esse impacto não se restringe apenas às empresas exportadoras; há uma cadeia produtiva que poderá sofrer cortes de receita, redução de postos de trabalho e consequente queda na arrecadação de impostos estaduais. O impacto fiscal pode ser severo, prejudicando os investimentos em infraestrutura e programas sociais no estado.
Impacto Global e Reflexos para o Brasil e o Ceará
A imposição de tarifas pelos EUA pode provocar uma realocação global do comércio de aço, forçando produtores a buscarem novos mercados. Isso pode intensificar a concorrência e pressionar os preços internacionais, reduzindo as margens de lucro do setor. Para o Brasil e, em particular, para o Ceará, torna-se essencal buscar alternativas para mitigar a dependência do mercado americano, diversificando os destinos de exportação.
Segundo dados do MDIC e conforme dados dos gráficos 1 e 2, o Estado do Ceará já vem enfrentando desafios no comércio exterior, com uma redução na participação nas exportações nacionais de 0,60% para 0,50% e no Nordeste de 8,5% para 6,4% no período de 2023/24. A nova medida dos EUA pode aprofundar essa queda, sobretudo no setor metalúrgico.
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Projeção de Impacto Econômico
Com base nas exportações de aço do Ceará em 2024, superiores a US$ 535 milhões, um impacto conservador de 20% de redução representaria uma perda de US$ 107 milhões para as empresas locais. Em termos de arrecadação, haverá impacto da redução de IRPJ e CSLL devido a queda no faturamento resultando na redução do lucro, além do impacto cambial tornando o real mais fraco devido a diminuição da entrada de dólares no país. No mercado de trabalho, estima-se que o setor teria uma queda de mesma magnitude resultando em mais demissões de trabalhadores.
Desconsiderando o impacto da possibilidade da taxação americano projeta-se (estática comparativa), com base no cenário que vem sendo apresentado desde 2020 até 2024, que a participação % das exportações e importações no Nordeste e Brasil cairão respectivamente no ano de 2025 resultando em maior perda de competitividade da economia cearense.
A Necessidade de Reação e Adaptação
Para mitigar esses efeitos, é essencial que o estado do Ceará adote estratégias de diversificação de mercados e produtos. Buscar novos parceiros comerciais na Ásia, Europa e América Latina pode ser uma saída viável, assim como incentivar a industrialização local para agregar valor à produção e reduzir a dependência da exportação de commodities.
Dicas de Planejamento Financeiro para Empresas e Indivíduos
Diante desse cenário desafiador, tanto empresas quanto trabalhadores do setor precisam se preparar financeiramente:
Para Empresas:
- Diversificação de mercados: Explorar novos países e nichos de mercado para reduzir a dependência dos EUA.
- Gestão de custos: Revisar despesas operacionais, otimizar processos e buscar eficiência na produção.
- Reservas financeiras: Criar um fundo de emergência para sustentar operações durante períodos de incerteza.
- Aproveitamento de incentivos fiscais: Identificar políticas governamentais de estímulo à exportação e à industrialização.
- Investimento em inovação: Desenvolver produtos com maior valor agregado e diferencial competitivo.
Para Trabalhadores e Profissionais do Setor:
- Reserva de emergência: Manter uma poupança equivalente a 6 a 12 meses de despesas essenciais.
- Qualificação profissional: Buscar capacitação em novas habilidades para aumentar a empregabilidade.
- Redução de dívidas: Priorizar a quitação de débitos para evitar riscos financeiros em caso de perda de renda.
- Fontes alternativas de renda: Avaliar oportunidades de empreender ou diversificar fontes de receita.
- Planejamento de longo prazo: Reavaliar metas financeiras e de carreira para se preparar para possíveis mudanças no setor.
Diante desse cenário, a necessidade de uma política industrial robusta e de ações coordenadas entre governo e setor privado é fundamental para minimizar os impactos e fortalecer a economia local. O momento exige planejamento estratégico, adaptação e uma postura proativa de todos os agentes econômicos, ou seja, a capacidade de adaptação a um ambiente global cada vez mais volátil.